Neste encontro propomos um diálogo entre nossas pesquisas e estudos a partir do tema “ESCALABILIDADE”.
A escalabilidade aparece como um conceito fundamental na formação projetual da engenharia; ela é um tema central na geografia e na relação tempo-espacial histórica; na sociologia a relação entre agencia-estrutura, micro-macro e os modos de associação e ação institucional e política, na antropologia a escalabilidade tem sido problematizada em sua forma epistêmica e politica de redução da socio-bio-tecno-diversidade; na filosofia e na teoria política a escalabilidade é um problema central na relação entre o desenho instituicional, o espaço, os atores e os não-atores que que dão forma à comunidade política. O capitalismo como maquina codificadora transescalar na plantation, na produção fabril, a computação, a monocultura tecnocientífica, as fronteiras…
Alternativamente ao modelo da escalabilidade homogeneizante, como poderíamos realizar outros modelos de eficiência societal baseadas na proliferação da diferença no interior do sistema? E se ao invés da simplificação ecológica da plantation computacional, fôssemos capazes de criar outras de formas de colaboração na produção de conhecimento tecnocientífico, que promovam as alianças que amplificam e sustentam mundos mais diversos?
Uma condição fundamental para isso ocorrer indica para a retomada da localidade e a capacidade de autodeterminação (situada, coletiva e democrática) sobre as infraestruturas de nossas vidas. Noutras palavras, uma autonomia tecnológica relacional amparada na interdependência entre aqueles (humanos e não-humanos) que produzem uma comunidade política. Ao invés da soberania imunitária (das rígidas fronteiras entre o dentro e o fora, do amigo-inimigo) e da autossuficiência (do indivíduo, na nação, da empresa), investir na produção do vínculo. A prática da diversidade cosmotécnica é também uma cosmopolítica.
Algumas questões disparadoras:
Como o poder tecnopolítico em sua articulação com o mercado-finanças adquire um poder translocal numa escala planetária, ensejando novas formas de colonialidade epistêmica e extrativismo (valor, tempo, energia, recursos)?
Como imaginar, desejar, pensar a experimentação tecnopolítica fora do problema de escalabilidade? Ou, como produzir uma mudança sociotécnica que sustente as formas de vida que desejamos defender, criando formas de reticulação (estruturação emergente) que sejam respostas situadas à diversidade cosmotécnica?
Como pensar as tensões entre as instâncias política de deliberação-ação: nível local-estado-planeta? Nas discussões sobre “soberania tecnológica” há um debate sobre os limites da noção de soberania (estado-centrica) e como reconhecer e praticar outras formas de autogoverno em sua relação com os territórios.
Como a concepção e decisões sobre projetos tecnológicos respondem a lógicas e racionalidades que conflitam com capacidade efetiva de deliberação democrática sobre seus efeitos e modos de adoção?
Quando: 1 de julho de 2024 das 15:00 as 17:00
Webinário virtual
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Fonte Imagem: Projeto Calculating Empires: https://calculatingempires.net